O “Rota 2030” é o programa que define regras para a fabricação dos automóveis produzidos e comercializados no Brasil nos próximos 15 anos. Ou seja, é este conjunto de normas que passa a determinar o quanto as fabricantes instaladas no Brasil precisarão investir. E isso determina o quanto os modelos serão avançados (ou não), econômicos (ou não), seguros (ou não) e, de carona, quanto vão custar (mais ou menos caros) a partir de agora. Dentre os pontos do “Rota 2030” constam: novas metas de eficiência energética dos modelos aqui vendidos; quais itens de segurança se tornarão obrigatórios nos próximos anos; quais novas tecnologias serão desenvolvidas aqui obrigatoriamente.

Quais são as metas a serem atingidas pelo Rota 2030?

Para ganharem incentivos fiscais de até R$ 1,5 bilhão por ano, as fabricantes de veículos deverão investir até R$ 5 bilhões na área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) por ano e melhorar a eficiência energética de seus veículos em 11% até 2022. Ou seja, as montadoras habilitadas serão obrigadas a reduzir o consumo de combustível de seus veículos nos próximos três anos.

Se a redução no consumo de combustível e emissões for maior do que a meta de 11%, as empresas poderão ganhar benefícios adicionais.
“As empresas que se habilitarem poderão ganhar um desconto adicional no IPI, que vai de 1% a 2%, se elas superarem as metas obrigatórias”, afirma Antonio Megale, presidente da Anfavea.

Mas para esse benefício valer, os veículos também deverão possuir uma etiquetagem, que trará todas as informações sobre a eficiência energética e os itens obrigatórios de segurança, o que é bom para o cliente, de acordo com Megale.

Mas de que forma o Rota 2030 vai beneficiar o consumidor?

Os carros vão ficar mais baratos no Brasil? Não necessariamente. “O foco do programa não é esse. O foco é assegurar que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento sejam feitos no Brasil”, explica o presidente da Anfavea. O discurso do porta-voz do setor é que o consumidor brasileiro terá acesso a carros mais tecnológicos, no mesmo padrão de mercados desenvolvidos.

Megale, no entanto, afirma que o Rota 2030 pode sim favorecer produtos hoje pouco acessíveis. O programa determina a redução de impostos para os veículos equipados com essas tecnologias. A alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para esses produtos que hoje é de 25% deverá cair para patamares entre 7% e 20%. Para veículos híbridos que combinarem à tecnologia flex, algo ainda em desenvolvimento, haverá um bônus de 2% de desconto no IPI. Mas esta implementação está prevista para começar apenas em novembro de 2018, segundo Megale.

Megale ainda afirma que o avanço tecnológico e nos equipamentos de segurança vêm para o bem do consumidor. As informações sobre esses itens também constarão na rotulagem do veículo, o que garante ainda mais que este esteja dentro das exigências do programa.

O Rota 2030 exige a produção de carros mais seguros?

Sim, mas apenas no médio prazo. O programa ainda está vago em vários aspectos, mas deve ser complementados nos próximos meses. Por enquanto, o texto prevê um cronograma para a indústria oferecer novos itens de segurança obrigatórios em seus automóveis. Mas a previsão de inclusão desses novos equipamentos está sendo verificada pelo Contran, juntamente com o Denatran, e deve ser determinada nos próximos meses. “Estamos trabalhando junto com os órgãos governamentais na implementação de legislações obrigatórias para esses novos itens e as empresas terão que cumprir”, afirmou Megale.

Indústria de carros do Brasil em números

  • 65 fábricas
    Em 10 Estados e 42 municípios
  • 5 milhões
    Capacidade produtiva anual
  • 1,3 milhão
    De empregados diretos ou indiretos
  • 4% de participação
    Do PIB brasileiro, sendo 22% do PIB industrial
  • 8º maior
    Mercado de carros global; nono maior produtor
  • 2,23 milhões
    Carros e comerciais leves emplacados em 2017
  • 2,6 milhões
    Carros e comerciais leves produzidos em 2017
  • 791 mil
    Veículos exportados em 2017

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